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Avanço do Mar no Rio de Janeiro: Praias Icônicas Podem Perder Até 100 Metros de Faixa de Areia


Calçadão da praia de Ipanema, no Rio de Janeiro, coberto por areia e água após forte ressaca do mar. Um equipamento de academia ao ar livre está tombado no chão e, ao fundo, aparece o posto de salvamento número 11. O céu está nublado e o Morro Dois Irmãos é visível à direita.
Ressaca no Leblon: equipamento de ginástica na praia foi deslocado com a força da água do mar em julho de 2025 — Foto: Ben-Hur Correia/TV Globo

Um estudo recente da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) revelou um cenário alarmante para a orla carioca. As famosas praias de Copacabana e Ipanema podem perder até 100 metros de faixa de areia até o final do século. A causa principal é a elevação do nível do mar, uma consequência direta das mudanças climáticas.


De acordo com a pesquisa, a praia de Copacabana já perdeu aproximadamente 10% de sua faixa de areia na última década. As projeções indicam que o nível do mar pode subir até 0,78 metros até 2100, com uma taxa de elevação anual de 7,5 mm, superior à média global. Esse fenômeno intensifica os efeitos de ressacas, tempestades e marés altas, tornando permanentes as inundações que antes eram temporárias.


Mapa da zona costeira do Rio de Janeiro mostrando as praias de Leblon, Ipanema, Arpoador, Copacabana e Leme, além da Lagoa Rodrigo de Freitas. As áreas da orla estão coloridas segundo a taxa de variação da linha de costa (LRR em metros por ano). Em vermelho estão os trechos com maior erosão (-1,2 a -0,5 m/ano), em laranja erosão moderada (-0,5 a 0), em amarelo estabilidade (0 a 0,1), em verde acreção leve (0,1 a 0,3), e em azul acreção maior (0,3 a 0,8). A escala de distância varia de 0 a 2,4 km.
UFRJ elaborou mapa do impacto das ressacas na orla do Rio. Trechos em laranja e vermelho são considerados mais críticos em perda de faixa de areia nos últimos 40 anos. — Foto: LAGECOST/Museu Nacional/UFRJ

A urbanização densa da orla do Rio de Janeiro agrava o problema, pois impede o recuo natural da costa. Além de Copacabana e Ipanema, outras praias como Leblon, Leme e Botafogo também estão em situação de vulnerabilidade. Os impactos não se restringem apenas à perda de um patrimônio natural e turístico, mas também ameaçam a infraestrutura urbana e a segurança da população que vive nessas áreas.


“Dados históricos sobre tempestades que ocorreram na cidade do Rio de Janeiro nos últimos 45 anos sugerem um aumento contínuo e gradual desses eventos, particularmente nos meses de outono e inverno”, aponta a pesquisa, publicada no periódico internacional Journal of South American Earth Sciences.

Especialistas apontam a necessidade de medidas urgentes para mitigar os efeitos do avanço do mar. Entre as soluções propostas estão o "engordamento" artificial da faixa de areia, a construção de recifes artificiais e a instalação de moles de proteção costeira. No entanto, a eficácia dessas medidas depende de um esforço conjunto, tanto em escala local quanto global, para frear o aquecimento global e suas consequências.


Outras regiões do estado do Rio de Janeiro também sofrem com a erosão costeira, como é o caso de Atafona, em São João da Barra, onde o mar já destruiu mais de 500 construções. A situação da orla do Rio de Janeiro serve como um alerta para a necessidade de um planejamento urbano e ambiental que considere os desafios impostos pelas mudanças climáticas, visando a proteção do litoral brasileiro e a garantia da segurança de sua população.


Fonte: Um só Planeta / Globo


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