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Audiência pública abre debate sobre agrominerais e fertilizantes em Mato Grosso

Workshop Agrominerais e XVIII GEO Políticas seguem com a programação de palestras e cursos até quarta-feira (03.09)


Foto de um auditório com o público sentado assistindo a um painel de discussão no palco. A mesa com os palestrantes está à direita, e um homem está em pé no corredor, interagindo com eles. Uma câmera em um tripé filma o evento.
Mesa de Abertura / Foto: Pedro Ivo

A audiência pública promovida pela Assembleia Legislativa(ALMT), nesta segunda-feira (1), abriu a programação de três dias que discute alternativas à dependência de insumos importados e o papel da mineração para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS).


O evento faz parte da programação do Workshop Agrominerais e a Política de Fertilizantes do Brasil e o XVIII GEO Políticas: O Setor Mineral e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, que segue até o dia 3 de setembro, na sede da Associação Mato-grossense dos Municípios (AMM), em Cuiabá.


A audiência foi requerida pela deputada estadual Sheila Klener (PSDB). Geóloga, preside a Associação Profissional dos Geólogos do Estado de Mato Grosso (Agemat) e é vice-presidente da Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo). Em discurso, a parlamentar destacou a importância de uma mineração com responsabilidade socioambiental, onde o ser humano interage com respeito com o meio ambiente.


Vista frontal de uma mesa de palestrantes durante o evento "XVIII GEOPolíticas" e "Workshop Agrominerais e a Política de Fertilizantes do Brasil". Uma mulher no centro da mesa discursa ao microfone, ladeada por outros participantes. Ao fundo, um telão exibe os logotipos dos organizadores e parceiros.
Mesa de Abertura, Deputada Estadual Sheila Klener em foco / Foto: Pedro Ivo

Para ela, fomentar a mineração é um passo para reduzir custos e diminuir a dependência de fertilizantes importados. “Você já extraiu a rocha, o bem mineral já está aqui. Então, você faz um reprocessamento dessa rocha, um reprocessamento de algum rejeito dessa rocha e ele pode ser utilizado aqui”, explicou.


O presidente da Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo), Caiubi Kuhn, relacionou o tema à conjuntura internacional. “Se fala muito que o Brasil é dependente de fertilizantes, e o motor do agronegócio do Brasil é Mato Grosso. No cenário global, seja em virtude desse novo cenário de tarifas, isso exige buscar soluções nacionais, que possam diminuir esse peso em um caso de ambiente mais incerto”, destaca.


O Professor Dr. Caiubi Kuhn, fala em um microfone durante um painel de discussão sobre o evento "XVIII GEOPolíticas" e "Workshop Agrominerais e a Política de Fertilizantes do Brasil". Ele está sentado em uma mesa, e outras pessoas podem ser vistas desfocadas ao fundo.
Mesa de Abertura: Professor Dr. Caiubi Kuhn em foco / Foto: Pedro Ivo

Ele acrescentou que reduzir em até 10% as importações pode representar valores bilionários, gerar empregos e ampliar a segurança para produtores. “Já sabemos pelo histórico de MT que a solução está de baixo dos nossos pés. A agricultura chegou onde está hoje por causa da utilização do calcário. Se não tivéssemos o calcário na região central do estado, não teríamos o agro desenvolvido como ele é. O mesmo vale para outras rochas”, ressalta.


Já o presidente da AMM, Leonardo Bortolin, ressaltou o impacto da discussão para os municípios e parabenizou os organizadores pela realização do evento. “São pautas e temas que impactam diretamente a vida do mato-grossense e do cidadão brasileiro. Nós sabemos a importância que o produtor, seja ele de qual escala for, representa na balança comercial e o quanto Mato Grosso pode melhorar sua capacidade de produção, com eficiência e de forma mais sustentável”, avaliou.


Presidente da AMM, Leonardo Bortolin
Presidente da AMM, Leonardo Bortolin / Foto: Pedro Ivo

A adjunta de Licenciamento Ambiental da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema-MT), Lilian Ferreira, defendeu que mineração e sustentabilidade caminham juntas. “É impossível falar de Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, de combate à fome, sem ampliar o acesso e a produção com segurança da mineração”, afirmou.


Secretária adjunta da Sema-MT, Lilian Ferreira
Secretária adjunta da Sema-MT, Lilian Ferreira / Foto: Pedro Ivo

Mário Cavalcanti, geólogo e representante do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) destacou a importância da iniciativa para o campo profissional quanto político, acadêmico e institucional. Ele afirmou que o Confea está à disposição para contribuir com o avanço da geologia no país.


Mário Cavalcanti, geólogo e representante do Confea
Mário Cavalcanti, geólogo e representante do Confea / Foto: Pedro Ivo

A secretária adjunta de Agronegócios, Crédito e Energia da Sedec, Linacis Roberta Lisboa, reforçou que a temática é estratégica para Mato Grosso. “Parabenizo pela realização da audiência, é uma temática que para nós da Sedec é muito cara. Em 2022, iniciamos uma discussão na secretaria e, depois de um ano e meio, foi aprovada uma legislação trabalhando o plano estadual de fertilizantes de MT. Esse plano estadual é espelhado no plano nacional”, afirmou.


secretária adjunta de Agronegócios, Crédito e Energia da Sedec, Linacis Roberta Lisboa,
Secretária adjunta de Agronegócios, Crédito e Energia da Sedec, Linacis Roberta Lisboa / Foto: Pedro Ivo

Ela destacou que o estado ocupa posição central no debate, por ser simultaneamente o maior produtor agrícola e o maior importador de fertilizantes do país. “Isso deixa nossos produtores numa vulnerabilidade e isso precisa ser trabalhado”, completou.


A vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso (Crea-MT), Daiane Brum, reafirmou a relevância da participação da categoria no debate. “O Crea procura desenvolver os profissionais através desses fomentos. Espero que não só esse evento de hoje, mas todos os outros dias recebam a devida atenção”, afirmou.


vice-presidente do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Mato Grosso (Crea-MT), Daiane Brum
Vice-presidente do Crea-MT, Daiane Brum / Foto: Pedro Ivo

Ela acrescentou que, embora o tema esteja associado à rotina do estado, é fundamental que seja tratado com prioridade. “Apesar de parecer um assunto rotineiro, porque nosso estado é agro, precisamos dar a devida importância”, completou.


Mesa: Agrominerais e a Política de Fertilizantes do Brasil


Após a audiência, o representante do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), José Carlos Polidoro, abriu a programação de mesas temáticas do evento com uma palestra sobre “Os desafios tecnológicos e setoriais para o avanço da produção nacional e uso de agrominerais na Agropecuária do Brasil”.


Polidoro ressaltou que a política de fertilizantes deve ser tratada como política de Estado. “O Brasil sofre em todos os momentos, porque é o maior consumidor, com 27% de participação, e os fertilizantes vêm de fora. É uma das cadeias mais vulneráveis”, afirmou. Segundo Polidoro, o Brasil foi o primeiro país a criar um insumo mineral proveniente do processamento mínimo de rochas por moagem, regulamentação que dá segurança ao mercado e aos produtores. “Com base em ciência vamos construindo mercado. O Brasil não tem motivo de importar mais de 90% do que consome. Poderíamos ter corrigido esse problema”, observou.


Dr. José Carlos Polidoro (MAPA)
Dr. José Carlos Polidoro, MAPA / Foto: Pedro Ivo

Palestra: A Geologia do Brasil e os Agrominerais


Anderson Alves de Souza, chefe do Núcleo do Serviço Geológico do Brasil (SGB/CPRM) em Cuiabá, destacou que a discussão sobre agrominerais já ocorre há pelo menos duas décadas no país. Segundo ele, a Embrapa foi pioneira nos estudos e o SGB atua há cerca de dez anos. Souza apresentou o conceito de agrominerais conforme a legislação e reforçou o papel desse recurso na melhoria do solo.


Conforme o pesquisador, os minerais liberam macro e micronutrientes essenciais para o ciclo produtivo das safras, contribuindo para alternativas de adubação no estado. “O pó de rocha melhora as propriedades físicas e aumenta a atividade biológica do solo”. 


Anderson Alves de Souza Chefe do Núcleo do Serviço Geológico do Brasil - SGB/CPRM em Cuiabá-MT
Anderson Alves de Souza, SGB/CPRM Cuiabá-MT / Foto: Pedro Ivo


Palestra: Cenários de uso de remineralizadores na agricultura e perspectivas de formas de avaliação agronômica


O mestre Douglas Leite de Brito, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec), destacou que a pasta tem buscado oportunidades para aproximar a mineração da agricultura em Mato Grosso. Ele apresentou um panorama da produção nacional de remineralizadores, que alcançou 7,2 milhões de toneladas nos últimos quatro anos. No mesmo período, o consumo médio foi de 10 milhões de toneladas por ano, o que significa que os remineralizadores atenderam apenas 2% das áreas agrícolas do país.


Esse cenário abre espaço para expansão da produção. “Mato Grosso não é protagonista nesse setor de produção deremineralizador, o que é um grande problema, porque o estado é o maior produtor, maior importador de fertilizantes e não produzimos aqui no estado”, afirmou. 


Douglas Leite de Brito, da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sedec)
Ms. Douglas Leite de Brito, Sedec-MT / Foto: Pedro Ivo

Palestra: As rochas alcalinas de MT e o fornecimento de fertilizantes


O professor doutor Francisco Egídio Cavalcante Pinho apresentou a palestra “As rochas alcalinas de Mato Grosso e o fornecimento defertilizantes”, voltada ao cenário regional. Ele destacou a importância das rochas alcalinas no estado, sua ocorrência e o potencial da províncialocalizada em Itiquira. Durante a exposição, utilizou imagens e comparaçõespara explicar o papel desse recurso mineral no desenvolvimento agrícola e na oferta de insumos alternativos. 


professor doutor Francisco Egídio Cavalcante Pinho
Prof. Dr. Francisco Egídio Cavalcante Pinho, UFMT / Foto: Pedo Ivo

Eventos 


A realização é da Federação Brasileira de Geólogos (Febrageo), por meio das entidades regionais Associação dos Profissionais Geólogos do Estado de Mato Grosso (Agemat), Associação dos Geólogos de Cuiabá (Geoclube) e Sindicato dos Geólogos de Mato Grosso (Singemat). O evento tem apoio da Faculdade de Geociências da UFMT e do Ministério da Agricultura e Pecuária.

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